Centenário do chefe Waldemar Henriques

Reza a lenda escoteira que quando um chefe se transfere para o Grande Acampamento, seu espírito continua a nos acompanhar e a se dedicar ao Movimento Escoteiro. Certamente, um dos guias espirituais do nosso voluntariado na Bahia é o chefe Waldemar, escoteiro marcante que se dedicou por décadas à condução e à orientação dos nossos jovens, sob a bandeira do Escotismo, enriquecendo nossa História e inspirando-nos a seguir em frente.

Waldemar Henriques da Silva nasceu em 15 de setembro de 1917, em Salvador, e tornou-se alfaiate ainda jovem. Sua vocação profissional se desenvolveu na alfaiataria que levava o nome do seu pai, Mário Silva, de quem herdou o ofício, na Rua do Viaduto da Sé, 46 -sala 23, no centro da capital baiana. A dedicação e o perfeccionismo com que desempenhava seu trabalho o tornou bem conceituado junto às autoridades militares e civis, especialmente entre as décadas de 1940 e 1980.

Mas uma outra afinidade também marcaria profundamente sua vida. O jovem, que tinha a seriedade e o rigor como traços bem definidos de sua personalidade, iniciou sua vida no Movimento Escoteiro em setembro de 1941, ao ingressar como Pioneiro no Clã da Associação Marcílio Dias e, após sua primeira Vigília, fez a Promessa Escoteira.A partir daí, passou a conciliar trabalho e Escotismo, duas atividades pelas quais nutria grande paixão.

O chefe Vavá, como também era chamado, incorporava o Escotismo em todos os aspectos de sua vida. Muito cuidadoso com os enfermos, acompanhava e visitava familiares doentes, costumava prestar socorro a conhecidos e também a desconhecidos nas ruas de Salvador.

Em certa ocasião, por volta de 1995, já bem doente, durante uma viagem com a família a Esplanada, no interior da Bahia, avistou uma área extensa, toda gramada e bonita. Permaneceu por alguns minutos a contemplar o local e, já com a voz fraca, comentou: “aqui dá pra fazer um bom acampamento…”

Em 22 de junho de 1996, em Salvador, o chefe Waldemar nos deixava para habitar o plano espiritual. Se estivesse fisicamente entre nós, neste ano de 2017 teria completado 100 anos de idade. O legado construído por seu espírito de liderança e de comprometimento o faz ser lembrado pelas gerações seguintes como uma das maiores referências do Escotismo baiano. Por tantas e justas razões, a Região Escoteira da Bahia exalta sua memória em gratidão e reconhecimento pelo muito que fez por nossos jovens e lhe presta esta homenagem póstuma por seu trabalho e dedicação ao Escotismo brasileiro.